quinta-feira, 22 de março de 2007

Uma preocupação muito minha


Paulatinamente, sem muita gente reparar, acontece um fenómeno no futebol que me entristece e preocupa: o desaparecimento do tradicional número 10 neste desporto.

Mas vamos por partes.

Em primeiro lugar, eles ainda existem, no entanto possuem duas soluções para prosseguirem as suas carreiras. Ou encostam-se aos flancos, ou transferem-se para clubes de menor dimensão/clubes que os lançaram.

Eles e as suas carreiras:

Riquelme - Do Boca Juniors para o Barcelona, para o Villarreal e agora de novo no Boca Juniors. Como dizem que não defende ninguém o quer. Nem os espanhóis o querem também. Pobres e mal agradecidos. O Boca agradece e recebe de braços abertos. Ainda há quem aprecie bom futebol e vá aos estádios para se divertir. Vénia para os argentinos

Rui Costa - Está no final da carreira por isso não levanta muitas questões tácticas. No fundo, é deixar andar mais um ou dois anos, acaba o percurso e ninguém se chateia com o Rui.

Aimar - Mais ou menos o mesmo que o seu colega e amigo Roman. Do River para o Valência, onde foi o melhor jogador quando venceram a Liga espanhola. E agora no Zaragoza. Teve, no entanto mais sorte que Riquelme. Como corre mais safou-se mais um "aninho" na ribalta. É provável que não regresse ao país das Pampas, mas merece mais do que tem actualmente. Culpado: Quique Flores, o Mourinho espanhol que prefere pé canhoto de Hugo Viana.

Ronaldinho - É número 10 e ponto final. No entanto este mago tem um problema grave que é o seguinte: tem tanto talento que não pode ser marginalizado. Por isso Ryjkaard inventou uma posição para o brasileiro. Na esquerda do ataque. Desta forma não descobre a marcação no miolo, zona privilegiada do futebol moderno. Se não for ali, colocam-no também a ponta de lança, onde defender (ainda) é pouco relevante.

Messi - O mesmo que o seu colega de equipa, mas na direita. Só não joga a ponta de lança por ter capacidade física para tal.

Totti - Como não acompanhava as investidas dos três trincos das equipas italianas adversárias, Luciano Spaletti avançou-o 15 metros no terreno. Resultado: é ponta de lança tal qual Alan Shearer. Ah, esqueci-me de dizer. Antes era um puro organizador de jogo.

Del Piero - O fulgor perdido nos últimos anos aliada à "parva" rigidez táctica italiana, faz com que hoje também seja ponta de lança. Não como Shearer, mas talvez como Abel Balbo. É verdade. É ali que ele joga.

Zidane - Até este não escapou. No Real Madrid era extremo esquerdo. Não jogava mal, bem pelo contrário, mas também como não defendia muito, foi obrigado a deslocar-se para as faixas. Pena. Vi Zidane jogar pelo miolo durante o Mundial na Alemanha e fiquei logo com saudades.

Uma última nota para Anderson, jovem prodígio do FC Porto. Parece que é um verdadeiro número 10. Aliás, é, não existem dúvidas. Mas apenas o será enquanto estiver a viver na Invicta, já que transferindo-se para outro campeonato será extremo qualquer coisa.

Aguardemos.

AD

1 comentário:

Anónimo disse...

off topic: Vocês são as pessoas ideais para desabafar sobre isto:
O Amoreirinha tem sempre idade de sub-21, constatei isso hoje em conferência de imprensa.
Era isto.

Abraços,
Hugo Keng